Os objetos de transição são aqueles que nos acompanham desde a infância, quando ainda estamos aprendendo a lidar com o mundo e com nossas emoções. Eles podem ser de vários tipos: um ursinho de pelúcia, uma fralda, uma chupeta, um cobertor, um pedaço de pano, uma mecha de cabelo, uma orelha, um dedo... O que importa é que eles nos façam sentir seguros, confortados e amados.
Eles são chamados de transição porque nos ajudam a fazer a passagem entre o universo da mãe e o universo externo. Quando somos bebês, não temos noção de que somos seres separados da mãe. Ela é tudo para nós: nossa fonte de alimento, de carinho, de proteção, de prazer. Mas aos poucos vamos percebendo que ela nem sempre está presente, que às vezes ela sai, que ela tem outras coisas para fazer, que ela não pode nos atender imediatamente. Isso gera uma angústia, uma sensação de perda, de abandono, de vazio.
É aí que entra o objeto de transição. Ele é uma espécie de substituto da mãe, uma representação dela. Ele nos dá a ilusão de que ela está conosco, de que não estamos sozinhos. Ele nos acalma, nos consola, nos tranquiliza. Ele é nosso amigo fiel, nosso companheiro inseparável. Ele é parte de nós e nós somos parte dele.
Mas ele não é só isso. Ele também é um instrumento para explorarmos o mundo, para desenvolvermos nossa criatividade, nossa imaginação, nossa cognição, nossa afetividade. Com ele podemos brincar, inventar histórias, expressar nossos sentimentos, testar nossas habilidades. Ele é um mediador entre nós e a realidade.
Com o tempo, vamos crescendo e amadurecendo. Vamos nos desapegando do objeto de transição e nos interessando por outras coisas. Vamos nos relacionando com outras pessoas e construindo nossa identidade. Vamos nos tornando mais independentes e confiantes.
Mas isso não significa que esquecemos do nosso objeto de transição. Ele continua guardado em nossa memória afetiva, em nosso coração. Ele faz parte da nossa história, da nossa psique, da nossa essência.